Disseram que eu era sereia
Acreditei e feliz rolei na areia
Entoei meus cantos mais belos
Mergulhei e construí castelos
Até que conheci um marinheiro
E por ele me apaixonei ligeiro
Desejei não ter mais nadadeiras
Pedi aos céus para criar pernas
E com ele subir as ladeiras
Escolhi não mais morar no mar
Pra com ele compartilhar o lar.
Em minha existência solitária
Sempre cantei com meu coração
Mas nunca tive se quer a intenção
De seduzir marujos de plantão
Pois esperava o meu coração
Dizer que esperar não seria em vão.
As moedas e tesouros dos outros
Nunca ganharam a minha mão
Esperei por uma fortuna maior
Que dinheiro não pode pagar.
Como é triste hoje constatar
Que nunca mais poderei nadar
Só posso caminhar naquela areia
E dizer adeus ao nosso mar.