25 de agosto de 2012

A morte da luz

Não quero que a luz entre no meu quarto,
Do sol já me despedi.
Se o pouco que eu queria fora desprezível,
Qual o sentido de viver?
Viver não é nada além do sofrer,
Já sei que feliz nunca serei,
Disseram-me, não muito tempo atrás.
Então que diferença faz?
Ficar ou deixar tudo pra trás?
Hoje vou conhecer o terraço,
Nunca o fiz, mas hoje eu faço.
Vou ver a vida lá de cima,
Bonita como quando era menina.
Se eu tivesse asas hoje iria voar,
Pra bem longe do mundo cantar.
Desfrutando minha solidão,
De todo meu esforço em vão.

Caneta e papel...

E aquilo que te consome,
será amor ou será fome?
Daquilo que nunca provou,
Por isso não sabe o sabor.
E isso que corrói bem no fundo
do peito e agora sangra,
Será tristeza ou um samba?
Do batuque descompassado
De um amor dilacerado.
Se tua face não mostra carinho,
Como posso ver isso sozinho?
Me sinto uma criança perdida
e pelas diferenças vencida.
Onde vou me segurar,
sem sua estrela a me guiar?
De amar tanto te perdi.
Por te amar tanto me perdi.
Por querer a felicidade plena,
Me reduzi e fiquei pequena.
Pequena de tanta dor,
Pequena pra tanto amor.
Hoje só resta a dor,
Que não cabe mais em mim.
Enfim, o fim.


16 de agosto de 2012

Insônia

Sinto-me absurdamente esperta,
Quando deveria na coberta,
Estar dormindo e sonhando
Ou na cama carneirinhos contando.
No entanto aqui estou eu, cantando.
Meu corpo está cansado demais,
Mesmo assim não desliga mais.
Sinto-me inquieta, angustiada?
Nem sei explicar bem isso.
Mas sinto falta de alguma coisa,
Ou seria a falta de alguém?
Mas digo que meu aconchego
Só ele é que pode me trazer sossego.
Quando embaraçada nele,
O sono vem, a paz me invade.
No abraço quente da felicidade,
De adormecer bem a vontade.
Liberta das angústias e saudade,
Envolta nesse amor de verdade.

15 de agosto de 2012

Cobertor

E assim se vai pelo ralo com destreza,
Aquilo que um dia foi cheio de beleza.
Como a água que escorre do banho,
Como um pastor e seu rebanho,
Insisto em manter tudo nos trilhos.
Acabo por me encontrar sozinha,
Na noite em pleno vazio.
O dia se foi e chegou o frio.
Meu cobertor não parece aquecer,
Deve ser por nele ainda conter,
Resíduos do que foi teu cheiro meu.
Aquele perfume que exalava você.
Nas fibras macias ainda existem,
Aquelas partículas que insistem,
Em me fazer desejar de ter.
Quanta saudade eu sinto e pressinto.
Que por longo tempo, ainda sentirei.


My secret place

Se eu pudesse me esconder
Num doce lugar secreto,
Onde o incerto se torna concreto,
Seria a vida mais fácil de viver?
Fugir dos monstros de mim mesmo,
Caminhar sem rumo e a esmo.
Ouvir canções de melancolia,
Escrever sobre amor e nostalgia.
Ah.. no meu canto seria assim,
Tudo de bom e nada ruim.
Poder contemplar as estrelas,
e compartilhar esta beleza.
Apreciar calmamente a natureza,
Sem pressa, sem não e temores.
Poder rir e gritar a vontade,
tornando surreal a realidade.
Ah... que bom se fosse verdade.
Se meu canto de fato existisse,
Quem sabe não me deixaria triste.
Gentil e cavalheiro o meu cantinho,
Me faria feliz por seu carinho.
O canto não existe, a fuga também não.
O que existe é a vida real em construção.
De dias de tristezas e incertezas,
De desejos e muita confusão.
E será que nesse mundo temos uma missão?
Por vezes eu penso que sim, outras não.
Mas só sei que objetivo a felicidade,
Não somente a minha, mas a sua.
E sonhos imensos me invadem,
Mas temo que um dia se apaguem.
Acredito ainda que nesse cantinho secreto,
Exista ainda um jardim repleto,
De flores coloridas  a minha espera.
Ah... como quero sentir tal perfume.
Mas enquanto isso eu espero e insisto,
Desejando que a vida se aprume.
Que o amor não se torne costume.
Que a bondade não seja um milagre.
Que o perdão não se torne um mito.
Que sofrer não ultrapasse meu limite.
E que o mundo continue bonito.
Pois viver é bem bom, acredite.
Por vezes é confuso o bastante.
Mas não ainda obstante,
Pra me fazer desacreditar,
De um dia, meu aconchego encontrar.