Cansei de ser a ave solitária
Vivendo daquelas migalhas.
Por longo tempo fui ferida
Tive meu corpo machucado.
Meu espírito quis se libertar
Da dor do dissabor de amar,
Tal qual a imensidão do mar.
Me perdi no céu do coração
Sem ter direção pra seguir.
Minhas asas foram amputadas
Suportei ver meu sangue pingar,
Até quase morrer de sangrar.
Fingi de forte e tentei voar
Mesmo sem vôo levantar.
Eu fui do céu ao inferno
Na doce ilusão de tentar.
O universo sabe que tentei
As nuvens ouviram meu clamor.
Enquanto eu despencava de amor,
Caí e naquele solo me destruí.
Definhei até não restar quase nada,
Me debati em minhas próprias cinzas;
Do pouco eu que restou de mim.
Aos poucos meu canto se calou
Sufocado pelas próprias penas.
Ouvia tudo e não conseguia falar.
Sentia tudo sem poder reclamar.
Sofria calada e me desmachava,
Da tristeza que morava em mim.
Mas das trevas então se fez a luz
E como o fruto que sou da claridade
Morri mas renasci pra liberdade.
Meus olhos se abriram ao mundo
Como um dia depois da tempestade.
Minhas asas foram restauradas
E sei que reaprenderão a voar.
Não há mal que consiga vencer
O desejo de renascer e revoar.
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